Minhoca no Pais das Salsichas

Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

quarta-feira, agosto 31, 2011

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Para a minha prenda de Natal, nao precisas de usar roupa interior por baixo da saia

Queria agradecer à menina simpática com o seu cao salsicha, que esta manha me empurrou o carro para eu conseguir subir a rampa da garagem. É nestas alturas que fico feliz, nao por ter o meu problema resolvido, mas por gostar de ver que ainda há muitas pessoas que ajudam assim as outras, sem esperar nada de volta, num dia feio com neve e vento por todos os lados. E ainda bem que pessoas dessas trazem o cao a passear pelo bairro às oito e meia da manha. Ela podia bem ter seguido caminho, estava tao mau tempo, neve a esvoacar em todas as direccoes, o cao salsicha até a puxava para ela se ir embora. E eu ali agarrada ao travao de mao, numa rampa cheia de gelo e sem gravilha. Uma pessoa que ajuda assim outra a estas horas da manha sem esperar nada em troca, é alguem que eu respeito e de quem queria ser amiga.
Quando um dia comeca assim, com o carro a derrapar por tudo quanto é lado, a gente já sabe que o resto do dia nao vai ser muito melhor. E apercebi-me disso quando ainda antes de entrar no escritório, o meu colega Roberto me pergunta, enquanto se apressa para sair com dois casacos, tres cachecóis e óculos de mergulho:- Queres salsichas das brancas ou das outras? Sempre que me perguntam isso, sei logo infelizmente o que me espera. É porque estao a planear um get-together com o típico Bayrisches Frühstück, que consiste em duas salsichas, uma cerveja, mostarda doce e uma pretzel. E é comida que nao tem graca nenhuma. Mas os alemaes pelam-se por comer esta porcaria e ainda mais adoram quando comem uns com os outros. Ainda nem tinha tomado o pequeno-almoco e a antivisao da salsicha deu-me logo vómitos por antecipado. O mais engracado foi que depois desse get-together, o vinho quente de Natal deixou-me tao alegre que passei a tarde toda na conversa e nao fiz nenhum. Mas foi um dia muito desgastante. Especialmente a parte em que obriguei o Bolinha a descobrir a prenda de Natal dele - viagem à Escócia em Marco - fazendo primeiro umas palavras cruzadas inventadas por mim, cuja solucao era a palavra Edimburgo.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

os meus Velhos, os Velhos de todos nós

Hoje, a meio do trabalho, assim vinda do nada, ela apareceu de novo. Apanha-me sempre desprevenida, vinda do nada, quando eu menos espero. Nao sei de que forma nem porque o meu inconsciente me prega estas partidas, mas acontece-me com alguma frequência, estar numa reuniao, em frente ao computador ou estar a almocar na cantina. A minha cabeca, em poucos segundos, viaja numa cápsula do tempo e que me transporta para fases da minha vida - normalmente da minha infancia - em que eu era verdadeiramente feliz e nao sabia. Não é que hoje não o seja, porque sou, mas tenho responsabilidades, não vivo sem consequências. Sou mesmo muito feliz e até me acho uma pessoa abencoada, que vive numa grande bola de sabão. Deito-me, muito frequentemente, grata pela felicidade que me enche os dias. Mas tenho saudades das pessoas velhas que existiam enquanto eu crescia e que me fazem tanta falta agora que sou uma adulta. Penso nos problemas que os meus velhos tinham e que eu enquanto os tive em meu redor, nunca pude verdadeiramente compreender. Por ser uma criança. Há dias assim, em que estou mais sensível, e enquanto estou encostada preguicosamente na minha cadeira no trabalho e observo, no relógio do pc, a passagem do minuto das 16:41- em que a luz do dia se transforma em escuro - e, assim saído do nada, consigo vislumbrar tão vivamente o sorriso incrível do meu Avô. E os meus olhos enchem-se-me de lágrimas. Por isso, volto-me a sentar direita, comento com a minha colega Já reparaste que hoje anoiteceu ainda mais cedo do que ontem, e depois de ela assentir, continuo a trabalhar. Tenho saudades dos meus velhos. Do cheiro da casa deles, acima de tudo, do sorriso terno. Quando a saudade me apanha desprevenida e me coloca a cara deles no reflexo da janela, eles estao sempre a sorrir. Que Deus nunca permita que eu me esqueca destas imagens. A vida sem amor nao vale nada. E precisamos dele em todas as formas.

terça-feira, agosto 03, 2010

as criancas sao chatas

Hoje fiquei em casa, rodeada de rebucados para a tosse, lencos de papel e o meu próprio ranho, que há dois dias se me escorria pelas narinas, sem me dar tempo de agarrar no lenco para o capturar. Hoje, a situacao é mais viscosa. A garganta está toda desgracada, a minha voz mais viril, a ponto de quem nao me conhecer pensar que poderá estar a ouvir a voz de uma cinquentona que passa os seroes a fumar e a beber um bagaco depois do outro. Os meus olhos estao pequeninos e chorosos e estou com mau aspecto.
O problema com estes dias em que fico em casa é que tenho tendencia para a auto-comiseracao, é dizer, papo tudo o que é porcaria televisiva numa manha inteira, pois combina com o meu estado de espírito. E é aí que se levantam dilemas que eu já tinha vivido das últimas vezes que fiquei doente em casa. E estamos a falar de uma pessoa que fica no máximo dois dias por ano em casa, de baixa. Portanto, tenho muito tempo para me esquecer do teor desses programas que a nossa televisao portuguesa exibe da parte da manha, para as senhoras donas de casa acima dos 50 anos, cujo hobby número é bater palmas.
O que me apoquenta e o porque desta escrita tao cáustica? Quem é e onde está o talento desse verme televisivo, dessa parasita de sexualidade duvidosa, apelidada de Cláudio Ramos? Ainda no tema da sexualidade pouco esclarecida, o Manuel Luís Goucha e o Castelo Branco já se conheceram, terao ficado amigos? O 'Manel' veste-se à palhaco porque? O Malato terá estado a brincar com baloes e engoliu hélio, é que parece estar pronto a levitar? A Lili Canecas e a Cinha Jardim às custas das comissoes da cirurgia plástica? E porque a Cinha esta cheia de rugas e a Lili com cara de rabo de bebé? O cirurgiao gosta mais duma do que doutra? Sao as duas loiras!
Tentando o Sic Mulher e porque de facto, a constipacao me deixa num estado de alma de sofrimento, tanto físico como intelectual, deparo-me com o programa 'Mundo das Mulheres', onde se debate a fundo o tema da amemantacao, mais especificamente, a auréola dos mamilos, os mamilos gretados, os mamilos pra dentro, e os que ficam muito pra fora, os mamilos que o bebé nao consegue agarrar. Mamilos para todos os gostos, portanto. Fiquei enjoada e a renegar o instinto maternal, que eu achava existir no meu amago.
Nao sei se devia ter ficado em casa hoje. Estou muito sensível, tudo me irrita. Já estive para atirar sacos com água aos chatos dos meus vizinhos de 6 anos que brincam nos baloicos, é que já nao os posso ouvir. E agora só consigo pensar em coisas para os aterrorizar, adorava ter uma fisga. Um dia, quando tiver filhos, mando-os para um colégio interno na Suíca, logo que chegarem aos 7, 8 anos. Depois dessa idade, ninguem os aguenta.

quinta-feira, julho 15, 2010

um post sobre o tempo

Ó meus amigos, como isto vai...é preciso os termómetros comecarem a explodir no país das salsichas, para eu me dedicar de novo ao blog, coitado, tao abandonado, há meses!
O mais triste foi eu estar há dez minutos a tentar entrar aqui e já nao saber exactamente como é que é mesmo para postar, onde é que eu clico mesmo...? Triste. Muito triste. Fez-me lembrar daquela vez que olhei para a minha bicicleta , cocei a cabeca e pensei a mesma coisa, como é que se usa isto mesmo...? Passado um bocado, lá me sentei no guiador, com as maos nos pedais e pronto, lá ia eu... é como eles dizem, uma gaja nunca desaprende andar de bicicleta!
Triste é também nao ter praia. Regressar todas as tardes ao meu carro, que marca ora 37, ora 38 graus, e nao ter onde me ir refrescar, sem ser a um lago ranhoso cheio de lodo, onde os alemaes se despem e se banham. O que torna tudo perigoso, pois uma pessoa já vai para o lago contrariada e deprimida, a pensar na areia, no sal, na bola nívea, no cheirinho a protector solar. Depois ve os alemaes com o traje à Adao e Eva e é tomada por pensamentos suicidas.
Este post, é, portanto um post sobre o tempo e sobre a minha vontade de parar mais por estas bandas. Até já.

sexta-feira, maio 28, 2010

hoje por ela, amanha por ti

Todos os dias acordo com os olhos colados, arrasto-me para a casa-de-banho, revoltada porque dormi pouco, porque está frio lá fora, porque nao vejo o sol há duas semanas, porque os alemaes me irritam, porque nao me apetece ir trabalhar, porque nao tenho mais férias. Depois, no trabalho nao me apetece aturar mexicanos que me mandam 5 emails com o mesmo assunto e ainda me ligam 14 vezes seguidas, sendo que nao atendi nenhuma delas e preparam-se para ligar a 15a vez. Ao fim dia dia queixo-me que o passo o dia inteiro no trabalho, que em casa nao tenho tempo para nada, embora o tempo em casa seja sempre dedicado a inutilidades. Uma ou outra vez, mas queixo-me que os meus ossos estalam, que fico com os músculos todos rebentados, especialmente aqueles adormecidos nos últimos 15 anos. E que macada que é ir ao ginásio.
E como seria se numa destas manhas em que acordo chateada com a vida, em vez de acordar na minha cama, acordasse numa cama de hospital, de onde nao vou sair nas próximas semanas, meses? E se de um dia para o outro, um orgao nos falha e ficamos impedidos de viver a nossa vida que apesar de rotineira, me oferece dias tao felizes e desassossegados? De repente, essa vida enfadonha já nao me parece assim tao triste. Desde há algumas semanas que tenho uma prima minha no hospital de S. Joao no Porto a precisar de um transplante de medula. Pergunto-me porque é que até ao dia de hoje, nunca me ocorreu registar-me como doadora de medula. E é exactamente por nunca ter parado para pensar que sei que quando ninguem nos pede, dificilmente acordamos um dia e decidimos espontaneamente que podemos salvar a vida de alguém. Daí o meu apelo: sejam doadores de medula. Hoje pela minha prima, amanha pela vossa mulher, Mae, irma. Porque como o meu Pai tao bem diz, quando menos esperamos Deus puxa-nos o tapete. E ali ficamos, sem firmamento.


QUEM se pode tornar dador de medula óssea e COMO o pode fazer?
DAR CÉLULAS PARA POSSIBILITAR O TRANSPLANTE DE MEDULA É MUITO PARECIDO COM DAR SANGUE

PRINCIPAIS CONDIÇÕES PARA SE INSCREVER COMO DADOR:

- ter entre 18 e 45 anos
- peso mínimo de 50kg
- ser saudável
- nunca ter recebido transfusões

(Não precisa de estar em jejum)

COMO FAZER SE PREENCHER OS REQUISITOS ACIMA E SE QUISER TORNAR-SE DADOR?

- É necessário apresentar o BI/cartão de cidadão quando se vai inscrever como dador;

- Preenche-se o formulário disponível nos locais de recolha móvel ( Ver nota APCL "Brigadas móveis" ), nos centros de histocompatibilidade ou nos locais de recolha fixa (Ver nota APCL "Locais onde se poderá tornar sempre dador a nível nacional" ). Nota: Também pode fazer o download do impresso aqui: http://chsul.pt/web/inscri

cao_CEDACE.pdf ;

- Caso não possa deslocar-se a um dos locais de recolha, pode enviar por correio para o CEDACE - Centro de Histocompatibilidade do Sul o questionário devidamente preenchido. Nesta caso, será posteriormente contactado pelo CEDACE para combinarem a recolha da amostra de sangue;

- Se se for inscrever directamente a um local de recolha, é-lhe retirada uma pequena amostra de sangue (12 ml) que posteriormente é analisada;

- Feita a recolha de sangue e caso não exista nenhum motivo para excusão, passa automaticamente a integrar a Base Nacional de Dadores de Medula;

- Se eventualmente tiver algum problema que não lhe permita ser dador, será rapidamente contactado pelo CEDACE;

- Em qualquer altura poderá ser contactado pelo CEDACE para teste adicionais, caso seja compatível com algum doente que necessite de transplante, em Portugal ou no estarngeiro.

No caso de ser chamado, pode ter o privilégio de SALVAR UMA VIDA!

Fonte: Associacao Portuguesa contra a Leucemia

sexta-feira, abril 30, 2010